A mulher de trinta anos, obra de Honoré de Balzac que deu origem ao termo balzaquiana para mulheres maduras, acompanha a tragetória de Júlia, uma moça que carrega o peso dos costumes de sua sociedade, submetida a um casamento desastroso e uma vida infeliz. Precursora do feminismo, mostra o sofrimento calado da mulher numa época em que a voz era direito apenas masculino; valoriza a beleza da mulher madura “amplificando a idade do amor” para a mulher.
O livro é escrito como se escreve poesia. Os personagens, diálogos e cenários são musicais, como que pintados em um quadro belíssimo, daqueles que emocionam até o mais distraído de seus admiradores. Não está para ser lido, mas saboreado suavemente. É completo não só ao descrever sua trama, mas demarcando a paisagem real de Paris na época em sua geografia, contexto histórico, costumes e sociedade. As referências do autor a todo instante a personagens ligados à música, literatura e arte apenas engrandecem a leitura.
Além de retratar a sociedade do século XIX, Balzac demonstra um amplo conhecimento da natureza humana quando descreve seus personagens como se fossem dotados de vida própria. Sua história se demonstra real a cada página pela vivacidade com a qual se desenrola, como um relato de uma história presenciada.
Porém, certamente o que mais impressiona a todos seus leitores é o quanto penetra verdadeiramente na alma da mulher; toda a beleza e encantamento com que a mulher é descrita em seu verdadeiro cerne, na raiz de sua essência. A descrição de Balzac, ora colocando toda santidade e misticismo femininos em uma redoma, ora observando as profundezas de seus sentimentos mais confusos, é de uma fidelidade que nem uma mulher alcançaria.
Certamente a leitura é válida, seja por seus ensinamentos históricos, seja pela simples leitura de romance ou por autoconhecimento. Uma obra que transcende os séculos. Toda mulher deveria ler para conhecer-se. Todo homem deveria ler para conhecer a mulher.
“O rosto de uma jovem tem a calma, o polimento e o frescor de um lago. A fisionomia das mulheres só começa aos trinta anos.”
** Comprova que os novos costumes rejeitam os antigos mas os imitam – a sociedade atual permanece tão cruel para com aqueles que não seguem sua mesma linha quanto a sociedade do livro era para os que a rejeitavam.
[.nana.] Alana Ferreira dos Santos
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